terça-feira, 28 de setembro de 2010

Recordações...

São quase cinco da manhã e o sono não chega. Nem o cansaço do dia a dia me vence, nem este silencio me derruba enquanto espero o raiar do sol no abrigo do meu quarto. Apenas o som esbatido do vento não desiste de me carpir as mágoas. Não sabe ser vencido, apenas a seguir em frente, como este sono quase perdido... A insaciável sede da caneta que escrevinha desmesuradamente não disfarça o vazio da cama. Faltas cá tu... Faltam todas as coisas que não vivemos esta noite... A mão que não segurei, o cabelo que não acariciei, o beijo que não roubei... Só não me falta a musica, esta doce melancolia... Quase te sinto aqui nos meus braços, os dois a ver nascer o dia....
Não sei ao certo o que te detém, ou a esse dia que nunca mais vem, em que te tenha aqui ao meu lado. Mas não estas cá e as frases soltas escorrem-me pela face a cada lágrima que escrevo... Nem sei se são lágrimas minhas ou palavras tuas...
Vivi um sonho, agora vivo um pesadelo… pesadelo esse em que obrigas a viver!! Os dias vão passando e a tua ausencia… o teu silencio .. vão transpondo para a realidade o que realmente sentias por mim.. Tantas vezes a palavra amor fazia uma suave melancolia nos meus ouvidos.. era dita.. mas não te era sentida. Não faz sentido.. porque me fizeste acreditar em algo que não existia?? Demasiados talvez numa noite de solidão como esta.
Apenas sei k já não sei muito bem se foi a realidade que ganhou, ou a esperança que perdeu, onde começas tu, ou acabo eu... Sei que se calhar gostas tanto de me ler como eu gosto de te escrever.
Sei que a saudade aperta quanto mais nos afastamos das coisas que temos saudade de ter vivido, quanto mais nos aproximamos das k ainda não vivemos. E as viagens feitas em silencio não perdoam o excesso de tempo para pensar em todos os nadas que nos preenchem o pensamento.
De tudo um pouco me assalta a memoria. Gargalhadas que dei nos tempos de meninice com a Vanessa, companheira de grandes caminhadas. Raiva que senti quando incontáveis vezes me foram mentido desajeitadamente ao longo dos anos. Milagres que tive de arrancar a ferros quando o tempo para pensar em problemas era pouco e o tempo para inventar soluções menos ainda.
Nem só de coisas grandes se vai entretendo a mente a medida que os quilómetros avançam, até coisas comuns com que todas as pessoas comuns se entretêm. Aquela dança que nos imagino dançar, os passeios k se calhar não chegaremos a dar, essa tua vontade de não quereres assentar!!!... O dinheiro da renda que não deixa sobrar muito para o resto das coisas, o puto que cada vez mais luta dá a educar, os tempos que mudam e não voltam a ser como antigamente.
Coisas que a todos assaltam a mente, uma ou outra vez na vida enquanto vamos maldizendo a nossa sorte, sem ver que aquele sorriso contagiante que vemos reconfortar nos todos os dias tem o mesmo azar que nós. Vejo os um pouco por todo o lado, até nos casalitos que espreitam montras das lojas, que tanto me recordam a falta que me fazes, especialmente nestas longas viagens em que chego a casa sem um corpo quente a aquecer os lencois frios... Não sei se algum dia me renderei à incerteza de existires ou a improbabilidade de me achares. Sou apenas uma Cinderela, jamais serei invencivel... Talvez não existas de todo e seja altura de me começar a resignar. Mas enquanto o som esbatido do vento não desiste de me carpir as mágoas, enquanto ouverem quilómetros a devorar em silencio e a meditar nas agruras da vida, continuarão a escorrer me frases soltas a cada lágrima que escrevo, nestas noites de solidão em que não estás ao meu lado....
Beijos….
Cinderela

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